segunda-feira, 25 de junho de 2012

Educação Ambiental: Tratar o assunto de modo correto é difícil, mas não impossível

Matéria do Jornal O Estado de São Paulo escrito por Célia Nascimento provoca e inspira a reflexão a respeito da Educação Ambiental nas escolas.
    
     Apesar de o tema estar ma moda, não se faz ainda educação ambiental em escola. E uma razão simples pode dar uma primeira pista: o que pertence a todo mundo pode não pertencer a ninguém.
     Os professores e as próprias instituições têm muita dificuldade em trabalhar os temas transversais, que perpassam todas as disciplinas. Meio ambiente, ética, mundo do trabalho, sexualidade pertencem a todos os professores e é necessário um movimento bastante coeso entre os educadores para que essas áreas sejam, de fato, trabalhadas no ambiente escolar.
     Opta-se, na maioria dos casos, por falar do assunto em datas comemorativas - como o Dia do Meio Ambiente, do Índio ou da Árvore -, ou por meio de iniciativas muito pontuais, como a famosa horta ou a coleta de lixo. Quando o tema ganha as salas de aula, faz-se apenas o que já está estabelecido, como a produção de artesanato com material reciclável nas aulas de artes.
    Educação ambiental é muito mais que isso. E, para início de conversa, é preciso ter paciência e disposição para reflexões profundas. Mas isso acontece raramente.
     As escolas acabam por andar na contramão, querem coisas rápidas. Com esse pensamento, é difícil tirar da cabeça delas que recolher os papéis jogados no chão é cidadania, mas não exatamente uma ação ambiental.
    Os professores precisam receber formação e, com base nisso, estabelecer a prática didática mais adequada. Ler um poema sobre árvore nas aulas de português não é educação ambiental. É preciso ir além. Que tal propor aos alunos a elaboração de um jornal ambiental ou uma peça publicitária?
     Atividades como essas trabalham os dois conteúdos simultaneamente: além de pesquisar e compreender os temas ambientais que irão abordar, eles aprendem a fazer entrevista, coleta de dados, sistematização de informação e exercitam a escrita correta, sucinta e coerente, entre outros aprendizados da Língua Portuguesa.
    Depois de pronto, os produtos podem ser expostos ou distribuídos e, nesse momento, cumpre um segundo requisito inerente aos temas transversais: a interface com a sociedade. Nesse caso, podem ser tanto estudantes de outras turmas, como os pais, a população da vizinhança etc.
     Sem esse entendimento amplo do que seja educação ambiental, o professor se vê na berlinda de achar que vai precisar deixar de lado o conteúdo da disciplina para falar de meio ambiente. E não é sem razão esse desespero. No dia a dia, ele precisa dar espaço a um tanto de atividades. Desde a ONG que vai falar de doenças sexualmente transmissíveis (DST), de outra que vai falar da dengue e de uma terceira que vai abordar a educação no trânsito. Além dos feriados, das datas comemorativas... E a lista segue.
     Para que a educação ambiental não entre nessa cesta, tem de ir além dos parâmetros do MEC, integrar de verdade a comunidade escolar e ver essa apreensão de conteúdo refletida na mudança de hábito.
     Contra o desperdício, os alunos podem receber garrafinhas em lugar de copo plástico. Para aproveitar a água da chuva, a escola poderia ter uma cisterna. É a transversalidade dentro e fora das paredes da sala de aula.

Fonte:http://estadao.br.msn.com/ciencia/tratar-o-assunto-de-modo-correto-%C3%A9-dif%C3%ADcil-mas-n%C3%A3o-imposs%C3%ADvel

Nenhum comentário:

Postar um comentário